segunda-feira, 25 de abril de 2016

TRISTE HISTÓRIA DE AMOR

O relacionamento de Deus com o Seu povo é, ao longo de toda a Bíblia, frequentemente descrito através da metáfora do relacionamento conjugal entre um homem e uma mulher. E, no Novo Testamento, o apóstolo Paulo é, sem dúvida alguma, o autor que mais escreveu sobre essa comparação metafórica, como na passagem de Efésios 5:22-33, onde ele, quase no final da sua explanação, diz isto: "Grande é este mistério, mas eu me refiro a Cristo e à Igreja." (Efésios 5:32).
Assim sendo, é possível compreendermos melhor o relacionamento de Cristo com a Sua Igreja, através do relacionamento conjugal, DA MESMA FORMA que é possível compreendermos o IDEAL de Deus para o relacionamento conjugal através da forma como Deus se relaciona com a Sua Igreja (ou o Seu povo). Estão de acordo, sim ou não? É que é fundamental termos este conceito bem estabelecido na nossa mente para compreendermos o que iremos ver a seguir...
A passagem de Apocalipse 3:20 é, pelo menos entre os adventistas do sétimo dia, sobejamente conhecida: "Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele, comigo."
O que, talvez, possa não ser tão conhecido, é que esta imagem de alguém a bater a uma porta, utilizada pela "Testemunha fiel e verdadeira" (Apocalipse 3:14), é uma imagem que NÃO É ORIGINAL, uma vez que ela JÁ TINHA SIDO UTILIZADA nos escritos do Antigo Testamento, nomeadamente no livro de Cântico dos Cânticos (ou Cantares de Salomão): "Eu dormia, mas o meu coração velava; eis a voz do meu amado, que está batendo: Abre-me, minha irmã, querida minha, pomba minha, imaculada minha, porque a minha cabeça está cheia de orvalho, os meus cabelos, das gotas da noite." (Cantares 5:2)
Conseguem aperceber-se das semelhanças claras entre estes dois textos bíblicos? Na passagem de Apocalipse 3:20 lemos sobre Cristo (o Noivo) a bater à porta do coração do Seu povo (a noiva), em Cantares 5:2 lemos sobre um homem a bater à porta da casa da sua amada! Mas estes dois textos, DEVIDO AO FACTO DA TAL COMPARAÇÃO METAFÓRICA SER LEGÍTIMA, podem ser utilizados em AMBOS os casos! Ainda me acompanham?
Na passagem de Cantares 5, vemos que a amada NÃO RESPONDEU, DE IMEDIATO, à solicitação "do [seu] amado", provavelmente por estar muito sonolenta ou numa situação bem cómoda, para ela: "Já despi a minha túnica, hei de vesti-la outra vez? Já lavei os pés, tornarei a sujá-los?" (Cantares 5:3)
Mas o homem tenta insistir: "O meu amado meteu a mão por uma fresta, e o meu coração se comoveu por amor dele." (Cantares 5:4)
O texto não é explícito, mas, "para bom entendedor, meia palavra basta": APESAR do coração da mulher se ter comovido por amor "do [seu] amado", ela continuou a NÃO REAGIR, ou seja, não se levantou para ABRIR a porta da sua casa àquele que ela até amava e que estava, fora de casa, totalmente à mercê dos elementos naturais, o "orvalho" e as "gotas da noite"!
Resultado? O homem, cansado de bater à porta, sem ser correspondido, acabou por se ir embora!
E, perante este facto - o homem ter-se ido embora - poderíamos facilmente supor que a mulher, agora já sem ser "incomodada" com as repetidas batidas à porta, do seu amado, tenha finalmente podido descansar serenamente! Mas NÃO FOI ISSO QUE ACONTECEU! Talvez, curiosa ou mesmo perplexa por ter deixado de ouvir as batidas na porta da sua casa, ela levantou-se e foi abrir a porta: "Levantei-me para abrir ao meu amado; as minhas mãos destilavam mirra, e os meus dedos mirra preciosa sobre a maçaneta do ferrolho." (Cantares 5:5)
TARDE DEMAIS! O seu amado já tinha partido: "Abri ao meu amado, mas já ele se retirara e tinha ido embora; a minha alma se derreteu quando, antes, ele me falou; busquei-o e não o achei; chamei-o, e não me respondeu." (Cantares 5:6)
E agora, PASMEM: aquela que não estava, sequer, na disposição de "sujar os seus pés" para APENAS abrir a porta da sua casa ao seu amado, CONSENTE AGORA em sair de sua casa e a deambular pela sua cidade como uma louca: "Encontraram-me os guardas que rondavam pela cidade; espancaram-me e feriram-me; tiraram-me o manto os guardas dos muros. Conjuro-vos, ó filhas de Jerusalém, se encontrardes o meu amado, que lhe direis? Que desfaleço de amor." (Cantares 5:7-8)
Há ATRASOS que "se pagam" caro, MUITO CARO! E esta história bíblica, não poderia, certamente, ter um final mais... INFELIZ! É certamente uma daquelas histórias de... "PARTIR O CORAÇÃO"!
O assunto é MUITO SÉRIO e SOLENE, amigos! O nosso bondoso Deus, aparentemente (digo bem, aparentemente!), não se cansa de bater à porta do nosso coração! Mas PODE, SIM, CHEGAR o momento em que Ele, finalmente, se canse de NÃO SER CORRESPONDIDO! E, quando esse momento chegar, Ele retirar-se-á! E retirar-se-á... PARA SEMPRE! A essa Sua retirada DEFINITIVA, Jesus deu-lhe um nome: o PECADO CONTRA O ESPÍRITO SANTO (ver: Mateus 12:30-32).
POR ISSO, a Bíblia nos adverte, em termos MUITO FORTES, contra a tendência cómoda da PROCRASTINAÇÃO (ver o significado desta importante palavra, aqui):
- "Assim, pois, como diz o Espírito Santo: HOJE, se ouvirdes a Sua voz, não endureçais o vosso coração como foi na provocação, no dia da tentação no deserto, onde os vossos pais Me tentaram, pondo-Me à prova, e viram as Minhas obras por quarenta anos." (Hebreus 3:7-10);
Quantos não veem claramente as "obras" de Deus nas suas vidas, e, por isso mesmo, podem sentir no seu coração um grande amor por Alguém que tanto amor lhes demonstra, MAS, estão tão comodamente instalados nas suas vidas, que não permitem dar-se "ao trabalho" de abrirem a porta do seu coração ao Divino Noivo! CUIDADO... pois Ele poderá, mais brevemente do que você poderá alguma vez imaginar, RETIRAR-SE DEFINITIVAMENTE da "sua porta"!
"Enquanto se diz: HOJE, se ouvirdes a Sua voz, não endureçais o vosso coração, como foi na provocação." (Hebreus 3:15);
"HOJE, se ouvirdes a Sua voz, não endureçais o vosso coração." (Hebreus 4:7).
Se endurecerdes o vosso coração, então Ele poderá retirar-se definitivamente de vós, como na história que acabámos de analisar!
E sabem que, A EXEMPLO do que aconteceu com aquela mulher da história bíblica, MUITOS, um dia, mas já TARDE DEMAIS, andarão, como loucos, à procura de Deus (e do conhecimento da Sua Palavra) e não acharão o que procuram? Sim, é isso mesmo que nos dizem estes textos inspirados: "Eis que vêm dias, diz o SENHOR Deus, em que enviarei fome sobre a terra, não de pão, nem sede de água, mas de ouvir as palavras do SENHOR. Andarão de mar a mar e do Norte até ao Oriente; correrão por toda a parte, procurando a palavra do SENHOR, e não a acharão." (Amós 8:11-12)?
Esta forma de interpretar Cantares 5:2-8 - a DIMENSÃO SOBRENATURAL do relacionamento de Deus com o Seu povo - é, como vimos, PERFEITAMENTE LEGÍTIMA! Ainda concordam comigo?
Mas, como também referi, existe uma OUTRA FORMA de interpretar aquela história de Cantares e o texto de Apocalipse 3:20, que é a DIMENSÃO NATURAL, entre um homem e uma mulher.
Que lições eu retiro desta dimensão simplesmente humana? É simples:
1º) Quantas mulheres (literais), por vezes, por simples comodismo ou talvez até (não sei!), por um "idealismo" romântico que vivem de forma muito narcisista (só para elas!) ("já despi a minha túnica, hei de vesti-la outra vez?" - o que denota que sentem-se bem, sozinhas, só com elas próprias!), não permitem que um homem, que até podem amar (atenção: NÃO estou a falar de um homem que NÃO seja amado por uma mulher, mas de um que ela ame, de facto!), continue, vez após vez, a "bater à porta" do seu coração, sem lhes dar qualquer atenção CONCRETA? Quantas, por terem reagido desta forma, acabaram, finalmente, por ver os seus respetivos amados (pretendentes, namorados ou mesmo noivos) partirem... para não mais voltarem a... cortejá-las! E depois que eles partiram, ficaram loucas à procura deles, mas... simplesmente para constatarem que os perderam PARA SEMPRE!
2º) Quantas mulheres (também literais), mas estas já casadas, não têm tido para com os seus respetivos maridos (por vezes, ou talvez até, muitas vezes) a MESMA ATITUDE da mulher descrita em Cantares 5:2 a 8? Mas agora, neste caso (e SOMENTE neste caso de haver um relacionamento conjugal LEGÍTIMO), de que é que eu estou a falar? Estou a falar, OBVIAMENTE, do tipo MAIS PROFUNDO de relacionamento humano, que SÓ PODE SER VIVIDO entre um homem e uma mulher que, consciente e voluntariamente, decidiram, um dia, ligar-se um ao outro pelos sagrados votos do matrimónio: a união sexual.
O relacionamento sexual é, sem quaisquer dúvidas, o grau mais elevado, profundo, abrangente, satisfatório, gratificante, intenso, prazeroso, que um homem e uma mulher podem viver no contexto do seu relacionamento conjugal! Não existe, em NENHUM outro relacionamento humano, algo mais profundo e sagrado como o relacionamento sexual entre o marido e a esposa!
Por isso, o apóstolo Paulo não poderia ser mais enfático, ao afirmar isto: "O marido conceda à esposa o que lhe é devido, e também, semelhantemente, a esposa, ao seu marido. A mulher não tem poder sobre o seu próprio corpo, e sim o marido; e também, semelhantemente, o marido não tem poder sobre o seu próprio corpo, e sim a mulher. NÃO VOS PRIVEIS UM AO OUTRO, salvo talvez por mútuo consentimento, por algum tempo, para vos dedicardes à oração e, novamente, vos ajuntardes, para que satanás não vos tente por causa da incontinência." (1 Coríntios 7:3-5; minha ênfase em maiúsculas).
Muitas mulheres utilizam o seu corpo como um tipo de "moeda de troca" para conseguirem algo específico dos seus maridos, ou então, simplesmente, não sentem a profunda convicção de que NÃO LHES ASSISTE o direito de "gerirem" o seu corpo, como se fosse delas mesmas! Por muito bonitas, atraentes ou corretas que possam parecer certas ideias ou teorias, uma coisa é certa: a Palavra de Deus é que deve ser o CRITÉRIO NORMATIVO para qualquer mulher cristã! O mesmo se aplica, obviamente, ao marido cristão!
Assim sendo, a mulher deve ter a PLENA CONVICÇÃO de que, quando o seu marido a procura, para com ela se relacionar intimamente, ela NÃO TEM O DIREITO de recusar! E, se o fizer - algo que pode, obviamente fazer! - está a cometer uma ILEGALIDADE! E isto, porquê? Porque ela "não tem poder sobre o seu próprio corpo, e sim o marido" (1 Coríntios 7:4)! Só existem, segundo a Bíblia, DOIS MOTIVOS, pelos quais pode haver uma pausa no relacionamento sexual entre marido e mulher:
1º) Durante o período menstrual da mulher:
"Não te chegarás à mulher, para lhe descobrir a nudez, durante a sua menstruação." (Levítico 18:19);
"nem se chegando à mulher na sua menstruação;" (Ezequiel 18:6);
"No teu meio, descobrem a vergonha de seu pai e abusam da mulher no prazo da sua menstruação." (Ezequiel 22:10);
2º) "Por mútuo consentimento" (1 Coríntios 7:5), ou seja, com o acordo de ambos.
Escusado será dizer que, se a mulher procura o seu marido para com ele se satisfazer sexualmente (algo que, ao contrário do que dão a entender certos conceitos não bíblicos, é PERFEITAMENTE LEGÍTIMO), ou se procura seduzi-lo para um envolvimento íntimo, e este recusar, tal homem está simplesmente a cometer UM CRIME! É TÃO PECAMINOSO um homem envolver-se sexualmente com uma mulher que não é a sua esposa legítima, como é não envolver-se com a sua legítima esposa, quando esta assim o deseja! Porquê? Porque "semelhantemente, o marido não tem poder sobre o seu próprio corpo, e sim a mulher" (1 Coríntios 7:4).
É seguramente por este princípio bíblico não ser seguido, que satanás consegue ter tanto êxito em tentar muitos casais a tomarem a decisão de escolherem o horrível e amargoso caminho da infidelidade conjugal! E muitos, depois de terem perdido o seu amado ou a sua amada, andam, a seguir, como loucos à procura dele ou dela e, não o/a achando, procuram então, muitas vezes, encontrar um "substituto" ou uma "substituta", que NUNCA consegue, de facto, suplantar a falta do outro!
"Portanto, cuidai de vós mesmos, e ninguém seja infiel para com a mulher da sua mocidade. Porque o SENHOR, Deus de Israel, diz que odeia o repúdio [quer o "repúdio" como divórcio, quer o "repúdio" sexual ao seu cônjuge] como também aquele que cobre de violência as suas vestes, diz o SENHOR dos Exércitos; portanto, cuidai de vós mesmos e não sejais infiéis." (Malaquias 2:15-16).

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