No mundo em que vivemos, em que TUDO, ou quase tudo, parece
desmoronar-se à nossa volta, e em que os valores morais, já para não
falar dos valores espirituais, se degradam de dia para dia, e a olhos
vistos - mesmo, por vezes, em pessoas que se dizem, ou que simplesmente
se fazem passar por crentes - é cada vez maior o número de indivíduos
que encontram poucas ou quase nenhumas razões para continuarem a viver!
Alguns, em resultado de um conjunto de circunstâncias com que se deparam
na vida, perderam ou estão em vias de perder toda e qualquer motivação
para viver!
Neste cenário, alguns (não todos, obviamente) simplesmente
gostariam de poder deixar de viver, ao passo que outros ainda,
infelizmente, acabam por chegar à sinistra conclusão de que o melhor é
mesmo porem fim à sua própria vida, por eles mesmos!
Haverá alguma
diferença entre a vontade de morrer e a vontade de colocar um termo à
própria vida?
Vamos deixar que a Bíblia responda a esta questão, que
certamente toca o âmago ou a essência da nossa existência:
Existem dois casos paradigmáticos (um no Antigo Testamento, outro no
Novo Testamento), de pessoas que se suicidaram: Saul (o primeiro rei da
nação unificada de Israel) e Judas Iscariotes (um dos doze discípulos de
Jesus Cristo).
Quer para um quer para o outro caso, a Bíblia não os
apresenta sob uma luz favorável, e o que deles é referido deixa-nos com a
clara certeza que, quer um, quer o outro, perderam o dom da vida
eterna, que o Senhor certamente lhes desejaria conceder, uma vez que o
desejo de Deus é que "NENHUM pereça, senão que TODOS cheguem ao
arrependimento" (2 Pedro 3:9; minha ênfase em maiúsculas).
De
Saul nos é dito que "tendo-se retirado de Saul o Espírito do SENHOR, da
parte deste um espírito maligno o atormentava" (1 Samuel 16:14).
Apesar
deste horrendo facto ter ocorrido na vida de Saul, este ainda viveu
algum tempo (quanto tempo exato, não sabemos!), até que, por fim, "Saul
tomou da espada e se lançou sobre ela" (1 Samuel 31:4). Enfatizo aqui um
facto: quando Saul se suicidou, ele JÁ ERA um homem perdido - desde o
momento em que o Espírito Santo se tinha retirado dele, sendo que, nesse
momento, o pecado de Saul contra o Espírito Santo estava consumado, e
quando esse pecado se consuma, o Espírito Santo RETIRA-SE
DEFINITIVAMENTE da pessoa, para NUNCA mais voltar, como nos refere o
seguinte texto bíblico:
"é impossível, pois, que aqueles que uma vez
foram iluminados, e provaram o dom celestial, e se tornaram
participantes do Espírito Santo, e provaram a boa palavra de Deus e os
poderes do mundo vindouro, e caíram, sim, É IMPOSSÍVEL OUTRA VEZ
RENOVÁ-LOS PARA ARREPENDIMENTO, visto que, de novo, estão crucificando
para si mesmos o Filho de Deus e expondo-O à ignomínia." (Hebreus 6:4-6;
minha ênfase em maiúsculas).
Quanto a Judas Iscariotes, a Bíblia
refere-nos que "após [ter recebido] o bocado [de pão molhado, que Jesus
lhe deu], imediatamente, entrou nele satanás." (João 13:27).
Pergunto:
por que acham que satanás teve permissão para entrar em Judas
Iscariotes?
Certamente por que, naquele momento, o Espírito Santo se
tinha retirado completamente dele!
Judas Iscariotes tinha igualmente
cometido "a blasfémia contra o Espírito Santo [que] não será perdoada"
(Mateus 12:31), e, por essa razão, satanás teve livre e total acesso ao
coração de Judas Iscariotes!
Que momento terrível e horrível é este,
quando o Espírito Santo se retira definitivamente de alguém, e satanás
pode, por conseguinte, e a partir desse momento, tomar TOTAL CONTROLE
sobre essa pessoa! Não muitas horas depois desse fatídico momento,
"Judas, atirando para o santuário as moedas de prata, retirou-se e foi
enforcar-se." (Mateus 27:5).
Enfatizo aqui o mesmo facto que tinha
ocorrido com o rei Saul: quando Judas Iscariotes se suicidou JÁ ERA um
homem perdido, pois, como vimos, o Espírito Santo tinha-se retirado dele
no momento em que Jesus lhe deu o bocado de pão molhado (ver: João
13:26-27).
E o que dizer de pessoas que sentiram vontade de
morrer?
Pois bem, iremos igualmente analisar dois casos paradigmáticos
(um no Antigo, outro no Novo Testamento): Sansão e Paulo (o apóstolo).
Quanto a Sansão, a Bíblia refere-nos que, depois dele ter sofrido
imenso as consequências das suas decisões insensatas e erróneas - entre
as quais, o facto de que "lhe vazaram os olhos, e o fizeram descer a
Gaza; amarraram-no com duas cadeias de bronze, e virava um moinho no
cárcere" (Juízes 16:21) - Sansão fez este pedido ao Senhor: "Sansão
clamou ao SENHOR e disse: SENHOR Deus, peço-Te que Te lembres de mim, e
dá-me força só esta vez, ó Deus, para que me vingue dos filisteus, ao
menos por um dos meus olhos" (Juízes 16:28).
A resposta divina não se
fez esperar, uma vez que ele reganhou as suas forças físicas e pôde
fazer isto: "Abraçou-se, pois, Sansão com as duas colunas do meio, em
que se sustinha a casa [do deus filisteu Dagom], e fez força sobre
elas, com a mão direita em uma e com a esquerda na outra.
E disse: Morra
eu com os filisteus. E inclinou-se com força, e a casa caiu sobre os
príncipes e sobre todo o povo que nela estava; e foram mais os que matou
na sua morte do que os que matara na sua vida." (Juízes 16:29-30).
Pergunto: sentiu Sansão o desejo ou a vontade de morrer?
É óbvio que
SIM, pois, caso contrário, não teria pedido a Deus que morresse "com os
filisteus"!
Alguns consideram que Sansão cometeu um suicídio!
Todavia,
tal afirmação é destituída de qualquer fundamento, uma vez que Sansão
PEDIU a Deus para morrer, e NÃO DECIDIU, unilateralmente, isto é, só por
si mesmo, que queria por fim à sua existência! E caso ele quisesse
colocar fim à sua vida, da forma como o fez, tomando só ele essa
decisão, não o teria conseguido, pois NÃO tinha forças físicas para
poder fazer aquilo que fez!
E o facto de que as forças físicas lhe
revieram, é a PROVA de que Deus APROVOU o seu pedido de morrer "com os
filisteus"!
Portanto, NÃO estamos aqui em presença de um suicídio, mas
SIM de uma vontade de um indivíduo em morrer, que foi expressa a Deus de
forma clara, e que foi aprovada por Deus!
Não fosse da vontade de Deus
que Sansão morresse, e certamente que Ele NÃO lhe daria a sua grande
força física de volta, como realmente o fez!
Sansão, ao contrário dos
casos acima mencionados (Saul e Judas Iscariotes), que se suicidaram na
condição de perdidos, NÃO morreu perdido, pois, se assim fosse, o
Espírito Santo não teria permitido que o apóstolo Paulo (o autor a
epístola aos Hebreus) o INCLUÍSSE na lista dos heróis da fé (ver:
Hebreus 11:32).
Quanto ao apóstolo Paulo, ele escreveu isto aos
crentes que compunham a igreja que existia na cidade de Filipos
(Grécia): "Porquanto, para mim, o viver é Cristo, e O MORRER É LUCRO.
Entretanto, se o viver na carne traz fruto para o meu trabalho, já não
sei o que hei de escolher. Ora, de um e outro lado, estou constrangido,
TENDO O DESEJO DE PARTIR e estar com Cristo, o que é incomparavelmente
melhor.
Mas, por vossa causa, é mais necessário permanecer na carne. E,
convencido disto, estou certo de que ficarei e permanecerei com todos
vós, para o vosso progresso e gozo da fé, a fim de que aumente, quanto a
mim, o motivo de vos gloriardes em Cristo Jesus, pela minha presença,
de novo, convosco." (Filipenses 1:21-26; minha ênfase em maiúsculas).
Teve Paulo "o desejo de partir", isto é, de morrer?
Isso é absolutamente
incontestável! Mas, por que teve esse desejo, sentiu Paulo que isso lhe
dava, automaticamente, o direito de colocar fim à sua vida? Nem pensar!
Consegue, então, querido/a amigo/a, ver aqui uma CLARA DIFERENÇA, entre
o suicídio e a vontade de morrer? Ela é mais do que óbvia!
Oxalá
que este NÃO SEJA o caso consigo, mas caso sinta o desejo de morrer -
por circunstâncias que só Deus e você conhecem! - então, querido/a
amigo/a, NÃO ACRESCENTE à sua angústia de querer morrer, a angústia
AINDA MAIOR de pensar que esse seu desejo é pecaminoso e não é aprovado
por Deus!
Lembre-se de Sansão, que desejou morrer, e o SENHOR, não
apenas não criticou Sansão pelo pedido que este Lhe fez, como ainda
APROVOU tal pedido!
E Sansão morreu na condição de um HERÓI DA FÉ! E
lembre-se igualmente do grande apóstolo Paulo, que chegou a sentir que
morrer, para ele, era "LUCRO", e não só sentiu, como expressou por
escrito, esse seu "DESEJO DE PARTIR", e quando finalmente sentiu que "o
tempo da [sua] partida [era] chegado" (2 Timóteo 4:6), pôde afirmar,
confiantemente, isto: "porque sei em Quem tenho crido e estou certo de
que Ele é poderoso para guardar o meu depósito até aquele Dia [o dia da
segunda vinda de Cristo]"; "combati o bom combate, completei a carreira,
guardei a fé. Já agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o
Senhor, reto juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas também a
todos quantos amam a Sua vinda." (2 Timóteo 1:12; 4:7-8).
O
ENORME CONTRASTE entre os dois personagens bíblicos mencionados, que se
suicidaram, e os dois outros personagens bíblicos que apenas sentiram o
desejo de morrer, mas confiaram tal decisão ao Criador ou Doador da
Vida, é por demais evidente, não acha?
Retire as lições que quiser, mas,
para mim, a lição, insisto, é por demais ÓBVIA:
- é TOTALMENTE
ILÍCITO tomarmos a decisão de retirarmos a vida que o Senhor nos
concedeu! Utilizar tal prerrogativa, não será uma forma de manifestar
que nos colocamos, consciente ou inconscientemente, mas seguramente de
forma voluntária, na posição do próprio Deus, uma vez que SÓ ELE que deu
a vida, a pode tomar de volta?
- mas já é TOTALMENTE LÍCITO
sentirmos "o desejo de partir", desde que tal desejo não nos convença
que temos o poder de decidir tirarmos a vida a nós próprios!
E,
por último, lembre-se do Exemplo Máximo, o do nosso Senhor Jesus Cristo
que, estando no jardim do Gétsemani, "começou a sentir-se tomado de
pavor e de angústia". E, que disse Ele, nesse momento de terrível
agonia? "E lhes disse: A Minha alma ESTÁ PROFUNDAMENTE TRISTE ATÉ À
MORTE;" (Marcos 14:33-34).
O que acha que Jesus quis dizer com essa
frase "a Minha alma está profundamente triste até à morte"? Certamente
quis dizer que a Sua angústia o levava a desejar a morte, como um alívio
ao Seu sofrimento! Mas, como reagiu Jesus?
Procurou colocar fim à Sua
vida, ou colocou a Sua vida nas Mãos do Seu Pai?
Foi isto mesmo que Ele
fez! Teve Jesus o desejo de morrer, quando a angústia Lhe parecia quase
insuportável?
Sim, teve! Mas, procurou Ele pôr fim ao Seu sofrimento
pelas Suas próprias Mãos? Nem pensar!
Pelo contrário, Ele confiou AINDA
MAIS no Seu Pai, e, por três vezes, Lhe disse: "contudo, não seja o que
Eu quero, e sim o que Tu queres" (Marcos 14:36; cf. Mateus 26:44).
ESTÁ TUDO DITO!
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