segunda-feira, 25 de abril de 2016

EXISTE ALGUMA DIFERENÇA ENTRE O SUICÍDIO E A VONTADE DE MORRER?

No mundo em que vivemos, em que TUDO, ou quase tudo, parece desmoronar-se à nossa volta, e em que os valores morais, já para não falar dos valores espirituais, se degradam de dia para dia, e a olhos vistos - mesmo, por vezes, em pessoas que se dizem, ou que simplesmente se fazem passar por crentes - é cada vez maior o número de indivíduos que encontram poucas ou quase nenhumas razões para continuarem a viver!

Alguns, em resultado de um conjunto de circunstâncias com que se deparam na vida, perderam ou estão em vias de perder toda e qualquer motivação para viver!

Neste cenário, alguns (não todos, obviamente) simplesmente gostariam de poder deixar de viver, ao passo que outros ainda, infelizmente, acabam por chegar à sinistra conclusão de que o melhor é mesmo porem fim à sua própria vida, por eles mesmos!

 Haverá alguma diferença entre a vontade de morrer e a vontade de colocar um termo à própria vida?

Vamos deixar que a Bíblia responda a esta questão, que certamente toca o âmago ou a essência da nossa existência:

Existem dois casos paradigmáticos (um no Antigo Testamento, outro no Novo Testamento), de pessoas que se suicidaram: Saul (o primeiro rei da nação unificada de Israel) e Judas Iscariotes (um dos doze discípulos de Jesus Cristo).

Quer para um quer para o outro caso, a Bíblia não os apresenta sob uma luz favorável, e o que deles é referido deixa-nos com a clara certeza que, quer um, quer o outro, perderam o dom da vida eterna, que o Senhor certamente lhes desejaria conceder, uma vez que o desejo de Deus é que "NENHUM pereça, senão que TODOS cheguem ao arrependimento" (2 Pedro 3:9; minha ênfase em maiúsculas).

De Saul nos é dito que "tendo-se retirado de Saul o Espírito do SENHOR, da parte deste um espírito maligno o atormentava" (1 Samuel 16:14).

Apesar deste horrendo facto ter ocorrido na vida de Saul, este ainda viveu algum tempo (quanto tempo exato, não sabemos!), até que, por fim, "Saul tomou da espada e se lançou sobre ela" (1 Samuel 31:4). Enfatizo aqui um facto: quando Saul se suicidou, ele JÁ ERA um homem perdido - desde o momento em que o Espírito Santo se tinha retirado dele, sendo que, nesse momento, o pecado de Saul contra o Espírito Santo estava consumado, e quando esse pecado se consuma, o Espírito Santo RETIRA-SE DEFINITIVAMENTE da pessoa, para NUNCA mais voltar, como nos refere o seguinte texto bíblico:

 "é impossível, pois, que aqueles que uma vez foram iluminados, e provaram o dom celestial, e se tornaram participantes do Espírito Santo, e provaram a boa palavra de Deus e os poderes do mundo vindouro, e caíram, sim, É IMPOSSÍVEL OUTRA VEZ RENOVÁ-LOS PARA ARREPENDIMENTO, visto que, de novo, estão crucificando para si mesmos o Filho de Deus e expondo-O à ignomínia." (Hebreus 6:4-6; minha ênfase em maiúsculas).

Quanto a Judas Iscariotes, a Bíblia refere-nos que "após [ter recebido] o bocado [de pão molhado, que Jesus lhe deu], imediatamente, entrou nele satanás." (João 13:27).

Pergunto: por que acham que satanás teve permissão para entrar em Judas Iscariotes?

Certamente por que, naquele momento, o Espírito Santo se tinha retirado completamente dele!

Judas Iscariotes tinha igualmente cometido "a blasfémia contra o Espírito Santo [que] não será perdoada" (Mateus 12:31), e, por essa razão, satanás teve livre e total acesso ao coração de Judas Iscariotes!

Que momento terrível e horrível é este, quando o Espírito Santo se retira definitivamente de alguém, e satanás pode, por conseguinte, e a partir desse momento, tomar TOTAL CONTROLE sobre essa pessoa! Não muitas horas depois desse fatídico momento, "Judas, atirando para o santuário as moedas de prata, retirou-se e foi enforcar-se." (Mateus 27:5).

Enfatizo aqui o mesmo facto que tinha ocorrido com o rei Saul: quando Judas Iscariotes se suicidou JÁ ERA um homem perdido, pois, como vimos, o Espírito Santo tinha-se retirado dele no momento em que Jesus lhe deu o bocado de pão molhado (ver: João 13:26-27).


E o que dizer de pessoas que sentiram vontade de morrer?

Pois bem, iremos igualmente analisar dois casos paradigmáticos (um no Antigo, outro no Novo Testamento): Sansão e Paulo (o apóstolo).

Quanto a Sansão, a Bíblia refere-nos que, depois dele ter sofrido imenso as consequências das suas decisões insensatas e erróneas - entre as quais, o facto de que "lhe vazaram os olhos, e o fizeram descer a Gaza; amarraram-no com duas cadeias de bronze, e virava um moinho no cárcere" (Juízes 16:21) - Sansão fez este pedido ao Senhor: "Sansão clamou ao SENHOR e disse: SENHOR Deus, peço-Te que Te lembres de mim, e dá-me força só esta vez, ó Deus, para que me vingue dos filisteus, ao menos por um dos meus olhos" (Juízes 16:28).

A resposta divina não se fez esperar, uma vez que ele reganhou as suas forças físicas e pôde fazer isto: "Abraçou-se, pois, Sansão com as duas colunas do meio, em que se sustinha a casa [do deus filisteu Dagom], e fez força sobre elas, com a mão direita em uma e com a esquerda na outra.

E disse: Morra eu com os filisteus. E inclinou-se com força, e a casa caiu sobre os príncipes e sobre todo o povo que nela estava; e foram mais os que matou na sua morte do que os que matara na sua vida." (Juízes 16:29-30). Pergunto: sentiu Sansão o desejo ou a vontade de morrer?

É óbvio que SIM, pois, caso contrário, não teria pedido a Deus que morresse "com os filisteus"!

 Alguns consideram que Sansão cometeu um suicídio!

Todavia, tal afirmação é destituída de qualquer fundamento, uma vez que Sansão PEDIU a Deus para morrer, e NÃO DECIDIU, unilateralmente, isto é, só por si mesmo, que queria por fim à sua existência! E caso ele quisesse colocar fim à sua vida, da forma como o fez, tomando só ele essa decisão, não o teria conseguido, pois NÃO tinha forças físicas para poder fazer aquilo que fez!

E o facto de que as forças físicas lhe revieram, é a PROVA de que Deus APROVOU o seu pedido de morrer "com os filisteus"!

Portanto, NÃO estamos aqui em presença de um suicídio, mas SIM de uma vontade de um indivíduo em morrer, que foi expressa a Deus de forma clara, e que foi aprovada por Deus!

Não fosse da vontade de Deus que Sansão morresse, e certamente que Ele NÃO lhe daria a sua grande força física de volta, como realmente o fez!

Sansão, ao contrário dos casos acima mencionados (Saul e Judas Iscariotes), que se suicidaram na condição de perdidos, NÃO morreu perdido, pois, se assim fosse, o Espírito Santo não teria permitido que o apóstolo Paulo (o autor a epístola aos Hebreus) o INCLUÍSSE na lista dos heróis da fé (ver: Hebreus 11:32).

Quanto ao apóstolo Paulo, ele escreveu isto aos crentes que compunham a igreja que existia na cidade de Filipos (Grécia): "Porquanto, para mim, o viver é Cristo, e O MORRER É LUCRO. Entretanto, se o viver na carne traz fruto para o meu trabalho, já não sei o que hei de escolher. Ora, de um e outro lado, estou constrangido, TENDO O DESEJO DE PARTIR e estar com Cristo, o que é incomparavelmente melhor.

Mas, por vossa causa, é mais necessário permanecer na carne. E, convencido disto, estou certo de que ficarei e permanecerei com todos vós, para o vosso progresso e gozo da fé, a fim de que aumente, quanto a mim, o motivo de vos gloriardes em Cristo Jesus, pela minha presença, de novo, convosco." (Filipenses 1:21-26; minha ênfase em maiúsculas). Teve Paulo "o desejo de partir", isto é, de morrer?

Isso é absolutamente incontestável! Mas, por que teve esse desejo, sentiu Paulo que isso lhe dava, automaticamente, o direito de colocar fim à sua vida? Nem pensar! Consegue, então, querido/a amigo/a, ver aqui uma CLARA DIFERENÇA, entre o suicídio e a vontade de morrer? Ela é mais do que óbvia!

Oxalá que este NÃO SEJA o caso consigo, mas caso sinta o desejo de morrer - por circunstâncias que só Deus e você conhecem! - então, querido/a amigo/a, NÃO ACRESCENTE à sua angústia de querer morrer, a angústia AINDA MAIOR de pensar que esse seu desejo é pecaminoso e não é aprovado por Deus!

Lembre-se de Sansão, que desejou morrer, e o SENHOR, não apenas não criticou Sansão pelo pedido que este Lhe fez, como ainda APROVOU tal pedido!

E Sansão morreu na condição de um HERÓI DA FÉ! E lembre-se igualmente do grande apóstolo Paulo, que chegou a sentir que morrer, para ele, era "LUCRO", e não só sentiu, como expressou por escrito, esse seu "DESEJO DE PARTIR", e quando finalmente sentiu que "o tempo da [sua] partida [era] chegado" (2 Timóteo 4:6), pôde afirmar, confiantemente, isto: "porque sei em Quem tenho crido e estou certo de que Ele é poderoso para guardar o meu depósito até aquele Dia [o dia da segunda vinda de Cristo]"; "combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé. Já agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, reto juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas também a todos quantos amam a Sua vinda." (2 Timóteo 1:12; 4:7-8).
 
O ENORME CONTRASTE entre os dois personagens bíblicos mencionados, que se suicidaram, e os dois outros personagens bíblicos que apenas sentiram o desejo de morrer, mas confiaram tal decisão ao Criador ou Doador da Vida, é por demais evidente, não acha?

Retire as lições que quiser, mas, para mim, a lição, insisto, é por demais ÓBVIA:

- é TOTALMENTE ILÍCITO tomarmos a decisão de retirarmos a vida que o Senhor nos concedeu! Utilizar tal prerrogativa, não será uma forma de manifestar que nos colocamos, consciente ou inconscientemente, mas seguramente de forma voluntária, na posição do próprio Deus, uma vez que SÓ ELE que deu a vida, a pode tomar de volta?

- mas já é TOTALMENTE LÍCITO sentirmos "o desejo de partir", desde que tal desejo não nos convença que temos o poder de decidir tirarmos a vida a nós próprios!

E, por último, lembre-se do Exemplo Máximo, o do nosso Senhor Jesus Cristo que, estando no jardim do Gétsemani, "começou a sentir-se tomado de pavor e de angústia". E, que disse Ele, nesse momento de terrível agonia? "E lhes disse: A Minha alma ESTÁ PROFUNDAMENTE TRISTE ATÉ À MORTE;" (Marcos 14:33-34).

O que acha que Jesus quis dizer com essa frase "a Minha alma está profundamente triste até à morte"? Certamente quis dizer que a Sua angústia o levava a desejar a morte, como um alívio ao Seu sofrimento! Mas, como reagiu Jesus?

Procurou colocar fim à Sua vida, ou colocou a Sua vida nas Mãos do Seu Pai?

Foi isto mesmo que Ele fez! Teve Jesus o desejo de morrer, quando a angústia Lhe parecia quase insuportável?

Sim, teve! Mas, procurou Ele pôr fim ao Seu sofrimento pelas Suas próprias Mãos? Nem pensar!

 Pelo contrário, Ele confiou AINDA MAIS no Seu Pai, e, por três vezes, Lhe disse: "contudo, não seja o que Eu quero, e sim o que Tu queres" (Marcos 14:36; cf. Mateus 26:44).

ESTÁ TUDO DITO!

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