Muitas vezes a história (quer de indivíduos quer de povos) tem
demonstrado que, momentos de grande tensão, angústia e até de algum
desespero, têm PRECEDIDO momentos de grande libertação! A história
bíblica está cheia desses exemplos (mencionarei apenas alguns):
-
comecemos pelo princípio: quando Adão e Eva pecaram, "ondas" de grande
angústia começaram a invadir os seus corações e almas, o ambiente no
próprio jardim do Éden começou a parecer-lhes diferente e o seu próprio
comportamento mudou radicalmente (ver: EGW, Patriarcas e Profetas, nova
edição da Publicadora Servir, pág. 34). E quando finalmente ouviram a
voz de Deus ecoar pelo jardim, essa angústia pareceu-lhes atingir o seu
clímax! Para eles só havia uma "solução": fugir de Deus! E foi o que
fizeram - fugiram da presença do Único que lhes poderia trazer
esperança! Contudo, Deus foi ao encontro deles e quando eles pensaram
que tudo estava perdido e que não haveria nenhuma outra solução para
eles a não ser a predita e anunciada morte (eterna), eis que eles ouvem
Deus dirigir-se à serpente e fazer-lhe um tipo de declaração de guerra
(Génesis 3:15), anunciando que Alguém viria a este mundo e iria ferir
mortalmente a cabeça da serpente! Por outras palavras, era como se Deus
estivesse a dizer à serpente (satanás): conseguiste enganar a Eva e a
Adão, levando-os assim à derrota, mas virá Alguém lutar contigo e
vencer-te-á! Quando Adão e Eva ouviram isso, certamente que um enorme
raio de esperança iluminou os seus despedaçados e angustiados corações! A
extrema angústia por que eles passaram PRECEDEU o anúncio da maior
libertação jamais anunciada à Humanidade - o plano da salvação!
-
quando Jacó soube, através dos seus mensageiros, que o seu irmão Esaú
vinha ao seu encontro com quatrocentos homens (Génesis 32:6), diz o
texto bíblico que "então, Jacó teve medo e se perturbou" (v. 7). Contudo
este momento de grande angústia na vida de Jacó (talvez o pior de
todos, porque ele temeu não apenas pela sua própria vida, mas igualmente
pela vida das suas mulheres e filhos - ver versículo 11), PRECEDEU a
mais sublime experiência da sua vida - a sua inteira conversão ao
Senhor, a experiência da salvação (pois ele próprio disse: "Vi a Deus
face a face, e a minha vida foi salva" - v. 30), experiência essa que
lhe valeu um novo nome - Israel (v. 28) - nome esse que iria ter um
profundo valor simbólico em toda a restante história bíblica do povo de
Deus.
- quando o povo de Israel, depois de ter saído do Egito
(dirigindo-se para sul, ao longo do mar Vermelho), se encontrava numa
posição aparentemente sem saída - porque tinham uma cordilheira pela
frente, o enormíssimo deserto do Sara do seu lado direito, o mar
Vermelho do seu lado esquerdo e o exército egípcio atrás deles - diz o
texto bíblico que eles "temeram muito" (Êxodo 14:10). Contudo, essa
extrema angústia deles PRECEDEU uma enorme libertação - a passagem a
seco pelo mar Vermelho! Moisés, pela fé, previu essa libertação, ao
anunciar isto ao povo: "Moisés, porém, respondeu ao povo: Não temais;
aquietai-vos e vede o livramento do SENHOR que, hoje, vos fará; porque
os egípcios que hoje vedes, nunca mais os tornareis a ver" (Êxodo
14:13).
- quando, depois dos assírios (liderados pelo seu rei
Salmaneser) terem conquistado Samaria (a capital do reino do norte) no
ano 722 a. C. (2 Reis 18:9-12), cerca de oito anos depois um outro rei
assírio, Senaqueribe, "subiu... contra todas as cidades fortificadas de
Judá e as tomou" (2 Reis 18:13). Os assírios tinham conquistado todo o
reino do norte e praticamente todo o reino do sul - só faltava a cidade
de Jerusalém. Quando ele pensava que a conquista de Jerusalém "eram
favas contadas" e, por isso, afrontou o rei Ezequias e, pior do que
tudo, o próprio Deus (2 Reis 18:19-37), eis que, numa só noite, o "Anjo
do SENHOR" matou todos os soldados do exército de Senaqueribe - cento e
oitenta e cinco mil homens (2 Reis 19:35-36). O ponto importante que
quero salientar, uma vez mais, é que, essa grande libertação (da ameaça
REAL do exército assírio) FOI PRECEDIDA de um momento de grande angústia
(de Ezequias e de todo o povo de Jerusalém – 2 Reis 19:3).
-
quando este mundo chegou ao ponto mais baixo de degradação espiritual e
moral, procurando satanás tudo fazer para que Jesus desistisse de vir a
este mundo (ver: EGW, O Desejado de Todas as Nações, nova edição da
Publicadora Servir, pág. 25), eis que, no momento certo, no tempo fixado
pelo próprio Céu (isto é, sem ter havido qualquer atraso!), na
"plenitude do tempo, Deus enviou o Seu Filho, nascido de mulher (o tal
"descendente" predito em Génesis 3:15 que haveria de vir vencer satanás,
no próprio terreno deste)" (Gálatas 4:4). Quando o mundo estava
mergulhado na mais profunda angústia, eis que surge na cena da história
humana Aquele que "veio buscar e salvar o que se havia perdido" (Lucas
19:10). Uma vez mais, a consumação de uma grande libertação PRECEDEU um
tempo de grande angústia!
- e como será no final da história
humana? A Bíblia afirma perentoriamente que "um tempo de angústia qual
nunca houve" (Daniel 12:1) PRECEDERÁ a maior de todas as libertações
trazida pelo plano da redenção - a vinda gloriosa do nosso Senhor Jesus
Cristo ("a bendita esperança" (Tito 2:13) de todo o crente).
Por
que é importante nos recordarmos destes exemplos da história bíblica?
Por uma razão muito simples: porque aquilo que se passou no passado com
indivíduos e povos, pode muito bem suceder (e sucede frequentemente!) a
cada um de nós HOJE, a saber, um momento de grande angústia pelo qual
possamos estar ou vir a passar PODE MUITO BEM SER O INDÍCIO DE QUE UMA
GRANDE LIBERTAÇÃO ESTARÁ PARA CHEGAR ÀS NOSSAS VIDAS!
Salomão
escreveu isto: "O que foi é o que há de ser; e o que se fez, isso se
tornará a fazer; nada há, pois, novo debaixo do sol. Há alguma coisa de
que se possa dizer: Vê, isto é novo? Não! Já foi nos séculos que foram
antes de nós!" (Eclesiastes 1:9-10).
Pensemos e meditemos sobre
isto e acima de tudo não fujamos (como fizeram Adão e Eva) do Único que
nos pode trazer essa mesma libertação!
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